sexta-feira, 10 de junho de 2016

Vulcano:Entrevista Com Zhema Rodero Fundador da Banda Formada em 1981 Em Santos/SP.

                                 


Reconhecida mundialmente como os pioneiros do “Metal Extremo” na América do Sul, e avalizado pelo sucesso das últimas quatro turnês pelo vasto continente Europeu, o VULCANO completa em 2016 trinta e cinco anos de carreira e trinta anos de seu mais famoso álbum “Bloody Vengeance”.

Neste período a banda produziu doze álbuns inéditos, dois singles 7”, oito “split albuns” com outras bandas Brasileiras e Européias, Além de um DVD oficial.

Alternando o peso e a densidade do Black Metal com a rapidez e a brutalidade do Death Metal, o Vulcano forjou sua identidade sonora quando esses subgêneros ainda nem existiam, e por isso são frequentemente citados como influenciadores da nova geração do “Metal Extremo”. Esta banda de senhores “cinquentões” não mostra nenhum tipo de cansaço, somente nos últimos três anos, lançaram nada menos que quatro álbuns - The Man; The Key; The Beast (2013), Wholly Wicked (2014), LIVE II – Stockholm Attack (2014) e The Awakening an Ancient and Wicked Soul (2014).

Durante o importante ano de 2015 o VULCANO compôs músicas para mais um álbum inédito, que que será lançado no ano vigente, participou do mais importante festival de música extrema dos Estados Unidos – Maryland Death Festival, e mais uma turnê Sul Americana que se iniciou em Erechim, sul do país, e passou por Assunción Paraguay, Santiago de Chile, Equador e Colômbia, antes de embarcarem para a Europa novamente.

O ano de 2016 começou com tudo, além do anúncio do novo álbum, uma turnê na Europa (a mais extensa da carreira), a banda foi merecidamente homenageada com um documentário completo sobre sua história produzido por Vladimir Cruz e Rodney Assunção.

O VULCANO anunciou a volta de Carlos Diaz, assumindo as quatro cordas e a entrada de um novo guitarrista, Gerson Fajardo, amigo de longa data da banda.

Homenageando os 30 anos do álbum “Bloody Vengeance” a banda executa um repertório que contempla o álbum na íntegra, como na versão do vinil original. Além dos discos Drowning in Bloody, Wholly Wicked e The Man, The Key, The Beast
                                                                             


1-(MPF):Desde de já quero agradecer pela entrevista uma grande honra para o Maquina Profana Fest poder entrevistar uma das grandes lendas do Black/Death Metal nacional. A banda foi formada em 1981 de lá pra cá muitas coisas aconteceram, mas a banda sempre manteve na essência do Black /Death Metal, como foi o processo de criação da banda todos os membros já se conheciam?

(Zhema Rodero):Eu é quem agradeço pela oportunidade de responder suas perguntas. A banda foi formada por mim e mais dois amigos, Carli Cooper que mais tarde tornou-se meu principal parceiro na autoria das letras e Paulo Magrão que tocou somente até o “single 7” de 1983. Depois disso foi um processo natural de mudanças tanto de músicos como do som e as própria  novas informações que ocorriam no decorrer desse processo aliado com a vontade de fazer músicas cada vez mais rápidas e pesadas acabou moldando a banda em definitivo no final de 1984.

2-(MPF):Quais as dificuldades que vocês passaram para que a banda fosse montada, sendo que naquela época não tinha muitos meios de comunicação para que pudessem divulgar a banda?

(Zhema Rodero): Realmente não havia nada que pudesse mostrar que nós existíamos e então começamos nos inscrever em Festivais de Colégios, coisa normal naquela época era um ou dois festivais de músicas promovidos por algum colégio particular, também raro na época, pois o ensino do Governo era bem melhor do que nos dias atuais. Estes festivais davam uma certa visibilidade para as bandas,mas não era suficiente e tínhamos que fazer “releases”, tirar fotos, fazer pequenos shows nos bairos da cidade e pregar cartazes nos postes e pontos de ônibus, essas coisas. Algum tempo depois surgiram os primeiros “Fanzines”, xerox, poucas páginas, mas já tinham leitores direcionados e então foi uma revolução em termos de divulgação. Agora tínhamos um meio efetivo de divulgação! Era um processo demorado, pois entre o contato do fanzine com a banda para uma entrevista e o lançamento detes passavam-se meses. Enfim essa rede de Fanzines cresceu e formou o que hoje chamamos de “Cena Underground”. Foram esses editores que criaram isso!

3-(MPF):Quais eram os meios de comunicação que vocês usavam para divulgar a banda, sendo que, acredito eu. vocês mesmos que cuidavam dessa parte no início do Vulcano, pois na época existiam poucas formas de imprensa?

(Zhema Rodero):Então como disse foram os Fanzines da época, e nós mesmos criamos o nosso. Tínhamos em 1984 até 1985 nosso próprio Fanzine em edições quadrinhos mensais onde divulgávamos o VULGANO e outros fanzones e “hordas” como se diz hoje em dia. Depois de nosso primeiro LP o “LIVE!” de 1985 começamos a aparecer na “Rock Brigade” que era um fazine transformando-se em revista.

4-(MPF):Fale um pouco do processo de composição do primeiro compacto o (Om Pushne Namah) que teve formato em CD duplo e porque vocês optaram por lançar duplo?

(Zhema Rodero):Bem isso é um assunto longo, mas resumidamente, o Vulcano já era uma banda bem conhecida em nossa cidade, Santos, e naquela época era um “sonho” alguma banda lançar um disco, como se dizia, e em um determinado dia eu conheci um cantor/compositor de música “brega” e ele já tinha alguns discos gravados e vendia muito bem seus shows e seus discos; e essa pessoa me ensinou como produzir um disco. Então eu juntei um dinheiro e corri para o estúdio da Continental, se não me falha a memória, era o estúdio C da “Top Tape” que fez muitos “hits” de sucesso nos anos 70. Gravamos as 4 músicas em uma tirada só e então o formato mais comum era o compacto duplo, ou seja, apresentar 4 músicas no mesmo compacto.

                                       

5-(MPF):Assim que vocês lançaram a demo tape “Devil on My Roof” em 1984 começou haver algumas alterações na formação da banda o ocorreu na época? Mesmo assim a banda permaneceu firme e forte no estilo que iniciou nos conte um pouco sobre o que houve.

(Zhema Rodero):O compacto nos deu uma visibilidade para o Brasil todo, porque Leopoldo Rey, critico de rock na época, nos mencionou no “Dicionário do Rock” lançado pela Editora Som Três e neste mesmo tempo Johnny Hansen havia entrado na banda e propôs uma mudança radical no som e para isso precisávamos de um novo cantor, foi quando entrou o Angel.

6-(MPF):O “Bloody Vengeance” recentemente completou 30 anos desde que foi lançado. O que ficou na memória de vocês durante os trinta anos desse clássico do metal nacional? Que sem dúvidas foi referências pra muitas bandas que surgiram depois de vocês ou até mesmo que já existiam. Como que vocês se vêem sendo influência para gerações passadas ou até gerações mais novas afinal são 3 décadas de muito trabalho?

(Zhema Rodero):O “Bloody Vengeance” foi um divisor de águas, sem dúvida. Na época foi um álbum de produção precária, que logo em seguida tournou-se um diferencial de tudo que estava se fazendo. Nos sentimos como um dos que ajudaram a cena de Metal Brasileira se firmar e ganhar o respeito que tem no mundo todo.

Costumo dizer que “quando o barco do Metal Brasileiro estava sendo colocado no mar, nós eramos um dos que estava lá empurrando-o”.

7-(MPF):E na sequência veio o esmagador “Anthropophagy”, mais um grande clássico com novo poder atmosférico. Nos fale um pouco sobre o processo de composição do disco?

(Zhema Rodero):Pouco antes de fazermos aquele show com o Venom e Exciter, Flavio, Laudir e Soto Jr. deixaram a banda e fiquei Eu e o Angel apenas, então fui para a guitarra e convidei Arthur “von  Barbarian” e Fernando Levine para ingressarem na banda. Com essa nova formação começamos um trabalhos duro de composição de um novo álbum e este resultou no “Anthropophagy”

                                                                                   

8-(MPF):Nos conte como que foi o convite para trabalhar com uma das maiores gravadoras do metal nacional a Cogumelos Records, de quem partiu o convite? A banda procurou a gravadora ou ela que entrou em contato com a banda?

(Zhema Rodero):Eu sempre tive contato com o João Eduardo, mas o VULCANO sempre foi uma banda independente. Ocorreu que em 1988 o João convidou para fazer um álbum pela Cogumelo e nós aceitamos.

9-(MPF):A banda sofreu diversas mudanças na formação, porém essas mudanças não afetaram em nada no propósito da banda que sempre teve como foco principal no Black/Death Metal, poderiam nos explicar como que foi manter a banda com mesmo foco de quando começaram, no início dos anos 80, mesmo com tantas formações isso não afetou em nada o propósito da banda?

(Zhema Rodero):Ah! É facil... me tornei o principal autor e compositor. Eu não acredito que uma banda que tenha mais do que 2 compositores consiga manter seu estilo por muito tempo.

10-(MPF)-Nos fale um pouco da primeira turnê a Bloody Vengeance In Europe Tour 2010
que passou por 14 países e fez 18 shows, como que foi essa experiência? Desde primeira turnê vocês já fizeram um total de 5, como que é a recepção do publico na Europa?

(Zhema Rodero): Essa primeira turnê foi incrível tanto para o Vulcano como para o publico Europeu. Nem nós nem eles acreditavam que um dia estaríamos juntos em um clube ou festival. Foi uma oportunidade muito grande de conhecer pessoalmente muitos músicos de bandas Européias conceituadas. Depois dessa as demais foram tornando-se mais profissionais e com melhor infraestrutura e destas últimas saímos eleitos “Os padres do Metal Sul-americano”. Título nos dado pelos fãs Colombianos, Equatorianos, Peruanos, Chilenos, Bolivianos e  Paraguaios.

                                                                     

11-(MPF):Como veio a ideia de lançar o “Live II”, já que foi gravado na Suécia ao vivo, você já tinham isso em mente ou a ideia partiu na hora?

(Zhema Rodero):Não! Após o término da turnê de 2013, o ”manager” do Nifelhem, Frederik, que mora em Stockholm me escreveu e disse: - você quer a gravação do show de Stockholm? Eu pedi para gravarem porque o VULCANO estava passando por minha cidade. E eu respondi sim. Ele me enviou 3 pendrives com todo o show gravado, então estava pronto o Live II.

12-(MPF):Fale um pouco do documentário que está sendo produzido que estreia-a  em breve intitulado de "Os Portais Do Inferno Se Abrem: A história do Vulcano" de quem partiu a ideia de produzir o documentário e como que foi convite para realizar o mesmo?

(Zhema Rodero):Bem, eu não tenho muito o que falar, mesmo porque eu ainda não assisti. Isso foi uma iniciativa de Vladimir Cruz e Rodney Assunção diretores. Certa noite eles apareceram no estúdio de ensaio e colocaram a ideia deste documentário. Eles já produziram outros e sabiam fazer as coisas. Eu disse sim e eles fizeram!

13-(MPF):Para finalizar quero agradece pela entrevista deixe um recando aos nossos leitores e aos fãs de vocês.

(Zhema Rodero):Repito que eu é quem agradeço a a você ( MPF) pela oportunidade de levar um pouco das ideias e informações sobre o VULCANO e agradeço também aos leitores pela paciência em ler até aqui. Grato pelo apoio de vocês Todos sempre! E compareçam aos shows de Bandas Brasileiras, precisamos de vosso apoio!!!

Formação:

Luiz Carlos Louzada:Vocal
Zhema Rodero:Guitarra
Carlos Diaz :Baixo
Arthur "von barbarian"::Bateria
Gerson Fajardo:Guitarra

Discografia:

Bloody Vengeance(1986)
Anthrophofagy       (1987)
Who Are the True? (1988)
Ratrace (1990)
Tales from the Black Book (2004)
Five Skulls and One Chalice (2009)
Drowning in Blood                (2011)
The Man the Key the Beast    (2013)
Wholly Wicked                      (2014)


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