quarta-feira, 18 de outubro de 2017

U2: Crise pessoal de Bono serviu de inspiração para o próximo disco da banda



“Queria que as pessoas ao meu redor e que amo soubessem exatamente o que sinto. Então, muitas das músicas são mais ou menos como cartas”, diz o vocalista.''

Os últimos três anos testaram a unidade do U2 de várias maneiras, das fortes críticas que a banda recebeu por dar o disco Songs of Innocence (2014) a todos os usuários do iTunes ao grave acidente de bicicleta sofrido por Bono, que o deixou com diversos ossos fraturados e o braço esquerdo esfacelado. Mas esses reveses não se comparam a outra crise que o vocalista enfrentou no ano passado.

“Ele teve um encontro com a mortalidade”, diz The Edge, escolhendo as palavras com cuidado (a banda não entra em detalhes sobre a questão). “Definitivamente passou por um momento sério, que o fez refletir sobre muitas coisas.”

O episódio levou a banda a repensar o álbum Songs of Experience, previsto para 1º de dezembro e espécie de “irmão” de Songs of Innocence, no qual trabalhava havia mais de dois anos. O LP tem menos da produção enxuta que definiu Innocence, e favorece uma fórmula mais clássica para o U2: rocks baseados em guitarras propulsoras e baladas introspectivas.

Segundo The Edge, “no fundo, Bono estava pensando: ‘Se eu não estiver mais aqui, o que gostaria de deixar para trás?’”. Bono acrescenta: “Queria que as pessoas ao meu redor e que amo soubessem exatamente o que sinto. Então, muitas das músicas são mais ou menos como cartas – cartas para a [minha esposa] Ali, cartas para meus filhos e filhas.”

O vocalista cita mais um motivo para o trabalho ter sido adiado: política. “Pela primeira vez em muitos anos, talvez em nossa existência como banda, o arco moral do Universo, como Martin Luther King costumava chamar, não estava pendendo na direção da equidade, da igualdade e da justiça para todos”, afirma. Depois da eleição de Donald Trump, em novembro de 2016, algumas músicas precisaram ser retrabalhadas.

A faixa “The Blackout” passou da temática de “apocalipse pessoal”, como diz Bono, para uma narrativa de “distopia política”. Paralelamente, ele compôs a assombrosa “Summer of Love” depois de ver uma matéria na CNN sobre um homem em Aleppo, na Síria, que continuava cuidando de seu jardim mesmo estando no meio de uma guerra brutal. “Bono ficou realmente inspirado pela resistência dele”, conta The Edge.

Embora o grupo tenha evitado declarações abertamente políticas nos últimos anos, o vocalista diz que as coisas mudaram. “Sempre acreditei em trabalhar como um ativista antipobreza, mas essa não é uma questão de direita ou esquerda. Há um intimidador no púlpito e o silêncio não é uma opção”, afirma o cantor.





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